Movimento Autismos Plurais - MAP
Somos um movimento criado por familiares de sujeitos autistas e profissionais da saúde mental
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Lutamos pela defesa dos Direitos das Pessoas com Autismo
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Plurais pois somos muitos, diversos. Há Autismos e não Autismo. Ao mesmo tempo em que há uma grande heterogeneidade no autismo, todos são únicos, singulares, diferentes uns dos outros. O que marca a todos nós é a igualdade enquanto seres humanos e a diferença de cada ser. Iguais na diferença!
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Defendemos a Neurodiversidade, isto é, a variabilidade natural do funcionamento neuronal, que resulta da variabilidade natural do genoma humano, fundamental para a sobrevivência da espécie, e das complexas interações entre genes e ambiente, por meio dos chamados "mecanismos epigenéticos", que podem levar à expressão de alguns genes e o silenciamento de outros ao longo do processo de desenvolvimento.
Estamos falando das múltiplas possibilidades da existência humana.
Defendemos a Neurodiversidade, o autismo como diferença, o Orgulho Autista. Ao mesmo tempo, tomamos cuidado para que a nomenclatura autista (circunscrita a um dado contexto histórico-cultural) não apague a pessoa, a unicidade/singularidade de cada ser humano. Estamos atentos também ao potencial de que as nomenclaturas apropriadas do campo médico e positivadas pelos movimentos sociais podem ter no sentido de perpetuar os binarismo "normal/anormal", "deficiente/não deficiente", "humano/sub-humano".
Somos radicalmente contra o eurocentrismo, que privilegia a racionalidade europeia, fundamentada no Logos, na lógica, que exclui outras formas de racionalidade, considerando-as inferior, como a racionalidade indígena, dos chamados "loucos" e das pessoas autistas; racionalidade que define o ser humano pela ênfase à razão lógica e tudo o que se distancia desta como "menos humano". Apoiamo-nos em Levinas para definirmos o humano como abertura e doação ao outro, responsabilidade e acolhimento do outro em sua vulnerabilidade; rosto do outro, único, incomparável, inapreensível pela representação, cuja nudez dos seus olhos sem defesa nos remete à transcendência; abertura ao humano pela via do amor...
No campo clínico, defendemos intervenções que ajudam a ampliar as possibilidades do sujeito autista, comunicacionais, interativas, cognitivas, motoras, em última instância, existenciais. Intervenções que promovam o bem-estar e melhorem a qualidade de vida, aumentando a potência de vida da pessoa.
Somos contra tratamentos abusivos, que desrespeitem a dignidade da pessoa autista, que a coloque como "objeto" e que tente normalizá-la, enquadrá-la a uma norma vigente, fazer parecê-la como os "normais".
Aliás, o que é o normal, quem são os normais, quem determina isto?
Convidamos você a pensar junto conosco sobre estas e tantas outras questões.
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Defendemos a acomodação social, uma ampla reformulação da sociedade, o combate ao preconceito, ao bullying nas escolas, à falta de aceitação do autista e da pessoa com deficiência nos diversos espaços públicos.
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Combatemos o capacitismo - preconceito contra as pessoas com deficiência - que julga que uns seres humanos são "melhores" que outros em função de determinadas "capacidades"; via de regra, "capacidades" para produzir e performar. Denunciamos o discurso médico sobre o autismo, baseado na ideia de anormalidade, déficit, patologia, que apenas reforça o capacitismo e se apresenta como um resquício do eugenismo na medicina; discurso que faz com que se atribua valor negativo à pessoa como um todo e, consequentemente, reforça a concepção de "menos valor".
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Junte-se a nós, você que compartilha dos nossos ideias, da nossa luta e disposição para TRANSFORMAR a SOCIEDADE, para construirmos uma sociedade verdadeiramente inclusiva, fraterna e acolhedora da diversidade e diferença humana; que abra espaço para o HUMANO!
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Nossas principais reivindicações:
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Fazer valer na prática a Lei da Inclusão da Pessoa com Deficiência, que garante profissionais de apoio escolar e tecnologias assistivas aos alunos autistas. Ressaltamos que os profissionais de apoio escolar devem ser qualificados e capacitados para exercerem esta nobre função, que tem caráter tanto pedagógico quanto terapêutico; preferencialmente, pensando no melhor interesse para a criança, como postulado pelo ECA, o profissional de apoio escolar deve ser escolhido em comum acordo com os responsáveis pela criança. Lembrando que várias pesquisas mostram que a presença de um mediador escolar (qualificado, obviamente), diminui significativamente a incidência de bullying contra alunos com algum tipo de "deficiência".
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Criminalização do Capacitismo.
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Redução da carga horária de um dos genitores no setor público, aumentando o tempo de convívio familiar, a produção de bons encontros e otimizando as potencialidades da criança.
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Para refletir: algumas considerações apoiadas em três célebres filósofos: Henri Bergson, Espinosa e Georges Canguilhem
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Como Canguilhem nos mostra, a norma da vida é a variabilidade, pois isto aumenta as chances de adaptabilidade da espécie e a prepara para possíveis novos ambientes futuros. O "desvio" da norma cria outras normas possíveis de vida.
Outro célebre filósofo francês, Henri Bergson, diz que a vida tende à complexificação, à diferenciação e à multiplicidade, isto em qualquer ser vivo.
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Portanto, o autismo resulta justamente desta força da vida para a diferenciação. Num nível mais acima, corresponde a diferentes modos de subjetivação.
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Acreditamos, como Espinosa, que devemos produzir BONS ENCONTROS. Pois os bons encontros aumentam nossa "potência de agir", nossa vitalidade. Acreditamos que o desenvolvimento das habilidades sociais e comunicativas no autismo deve ser secundário a este aumento da Força Vital, relacionado, portanto, à criatividade e à espontaneidade; deve produzir diferenciação, singularização. Ao contrário, tais habilidades não devem ser estimuladas de forma mecânica e "forçada", como tentativas de padronização e homogeneização, de enquadramento às normas neurotípicas dominantes, pois isto diminui a potência de vida, a força criativa da pessoa.
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Defendemos, portanto, os Bons Encontros, afetivos, calorosos, produtores de vida, seja no dia a dia, nas atividades cotidianas, como ir à praia, ao parque, à praça, tomar um sorvete, nas brincadeiras em casa, nos encontros entre amigos e familiares, seja nas intervenções, clínicas ou educacionais.
E somos radicalmente contra o preconceito e a discriminação dirigida contra as pessoas com autismo e outras formas de deficiência, praticados por quem não compreende que a vida busca a diferença, a complexidade e não a uniformidade e padronização. Somos contra qualquer forma de opressão e a favor de tudo que vai em direção ao livre fluir da VIDA!
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Junte-se ao MAP!!!
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Integrantes:
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Stephan Malta Oliveira - psiquiatra e pai do Pedro
Fabiane Peçanha - psicóloga e mãe do Pedro
Milena de Melo - mãe do Francisco e do Antônio
Aline Lopes Cintra - mãe do Daniel
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