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Práticas Realizadas pelo Movimento Sujeitos Plurais
Oficina de Música

 

Baseia-se na musicoterapia de improvisação, na lógica da expressão musical livre e improvisada. Uma das técnicas é a interação musical, onde há uma interação entre todos os participantes através do uso livre e improvisado dos instrumentos musicais.

Uma das categorias conceituais norteadoras do trabalho é a noção de musicalidade comunicativa que, segundo Stephen Malloch, se refere à capacidade humana inata para a apreciação e produção musical; tal noção se fundamenta na similaridade entre os elementos presentes tanto na música quanto nas interações humanas, como o timing, a intensidade, a tonalidade, a ritmicidade e a pausa. Outra categoria que norteia o trabalho é a de "corpo-próprio", de Merleau-Ponty, que remete à ideia de um corpo-sujeito, de uma subjetividade corporificada, situada em contexto, em sua ação no mundo, centro da experiência vivida. Corpo atravessado por fluxos, afetos, forças, ritmos, intensidades...

 

Os principais objetivos do trabalho consistem em promover práticas de produção de vida e sentido (significações afetivas), de melhoria da qualidade de vida e promoção do bem-estar bem como possibilitar o desenvolvimento da consciência corporal, proprioceptiva, cinestésica, perceptual de si, de uma consciência intuitiva e não-reflexiva, geralmente relacionada a estados de bem-estar, espontaneidade e criatividade. Muitos dos fenômenos psicopatológicos (no sentido de pathos) se caracterizam por um predomínio de uma reflexividade exacerbada, pela intrusão de pensamentos imagéticos e linguísticos, por uma ruptura da unidade mente-corpo. Além disto, busca-se ainda a facilitação da socialização, por ser um trabalho em grupo, e da comunicação não-verbal e verbal, sem que haja uma pressão no sentido de um enquadramento aos padrões médios normativos. A Oficina de Música, na estreita relação entre clínica e política, consiste ainda em um espaço de valorização da diferença e diversidade humana bem como de combate ao preconceito, estigma e ao ideal normalizador, que segrega, exclui e reforça violências contra aqueles "considerados fora da norma vigente"; ao contrário, consideramos todas as formas de existência como normas possíveis de vidas humanas, nenhuma como a-normal, portanto. Combatemos também a cultura capacitista, que considera alguns seres humanos melhores que outros em função de determinadas capacidades físicas ou mentais. O capacitismo pertence à mesma lógica segregadora e excludente do racismo, sexismo, homofobia e classismo.  

 

Um aspecto importante de valorizarmos as noções de experiência corporificada ou cognição corporificada (embodied cognition), é que, desta maneira, retiramos a primazia da linguagem, do discursivo e até mesmo da noção de inteligência (racional), em acordo com a crítica da autista não-verbal estadunidense Amy Sequenzia. Combatemos de tal modo valorações positivas de alguns seres humanos e negativas de outros. Ao valorizarmos a consciência intuitiva, corporal, o amor-cuidado com o outro como valores-referência de nossa cultura, mais que a linguagem, a inteligência, a razão, combatemos de forma mais eficaz as segregações sofridas pelos sujeitos com (d)eficiência ou com "diversidade funcional", como os sujeitos autistas, com paralisia cerebral, Síndrome de Down, deficiência intelectual, dentre tantos outros.

Por Stephan Oliveira

Rodas de conversa, palestras e seminários

 

De modo a divulgar os pressupostos filosófico-ético-políticos do Movimento Sujeitos Plurais.

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