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SOBRE

MOVIMENTO PELA VALORIZAÇÃO DAS MÚLTIPLAS FORMAS DE EXISTÊNCIA E PELA DEFESA DOS DIREITOS DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA E SOFRIMENTO MENTAL

 

Somos um Movimento constituído por profissionais da saúde, saúde mental,  pacientes, familiares, estudantes e outros atores da sociedade, que valoriza igualmente as múltiplas formas de existência humana, a variabilidade da experiência humana; existência esta caracterizada pelo pathos, por sofrimentos e alegrias, dores e prazeres, por problemas e adoecimentos, todos aspectos inerentes ao humano, que constituem normas possíveis de vidas humanas; valorizamos a diferença genética (fundamental para a sobrevivência da espécie), física, sensorial, neuronal, cognitiva, mental e comportamental, as múltiplas formas de estar-no-mundo. 

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Valorizamos a diversidade humana, em todas as suas formas. 

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Partindo da Filosofia da Vida, de Henri Bergson, e da própria Biologia Evolutiva, reconhecemos que os processos naturais da vida tendem à complexificação, à diferenciação, variabilidade e multiplicidade, que a vida é um fluxo no tempo e movimento. Portanto, enxergar nos processos da vida "erros ou defeitos" da natureza consiste em uma visão humana tacanha e mesquinha, em restringir as "normas vitais" a partir das normas sociais, atendendo apenas ao valores da competitividade e produtividade. Ao contrário, enxergar a beleza da variabilidade (genotípica - das múltiplas variantes genômicas e mecanismos de regulação da expressão gênica - fenotípica) que a natureza nos apresenta vai ao encontro dos valores da solidariedade, do amor, do cuidado com o outro, da interdependência e do respeito. A natureza, mais que a sobrevivência e reprodução, busca a consciência de existir, o amor...

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Somos contra o ideal normalizador, que busca conformar as múltiplas formas de existência a alguns modos de comportamento normativamente considerados "ideais", que privilegia algumas formas de existência (que atendem às demandas e normas sociais vigentes) e marginalizam tantas outras, resultando em estigmas, rótulos, preconceitos e, em última instância, em políticas e práticas eugênicas.

Somos contra qualquer forma de preconceito, em particular, contra o capacitismo (preconceito contra pessoas com deficiência, segundo o qual, alguns seres humanos são melhores que outros em função de determinadas capacidades/características físicas ou mentais; onde alguns seres humanos são valorados negativamente em função de limitações em algumas áreas).

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Acreditamos que o modo como falamos influencia práticas, costumes. Logo, defendemos que a relação normal/anormal não se aplique mais ao desenvolvimento ou comportamento humano.

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​Reconhecemos a importância do conceito de deficiência, adotado pelos ativistas dos Movimentos das Pessoas com Deficiência, que traz consigo toda a opressão social vivenciada ao longo da história; deficiência que, de acordo com o modelo social, não diz respeito apenas ao indivíduo, mas à relação entre a pessoa que apresenta uma lesão, uma disfunção ou uma mera diferença, com uma sociedade excludente. Por outro lado, defendemos também a importância da noção de diferença funcional (Angelucci, 2014 - ver nos links de nosso site), construída a partir da noção de diversidade funcional, proposta pelo Movimiento de Vida Independiente de Madri. Trata-se de um conceito marcado pela positividade, não por aquilo que "falta", e valorativamente neutro. Considerando que todos somos funcionalmente diversos, interessa-nos as diferenças funcionais (genéticas, neuronais, físicas, sensoriais, etc) que, na relação da pessoa com o meio social, resultam em dificuldades, limitações ou restrições na participação social(CRPD, 2007). 

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Compartilhamos da visão do modelo social da deficiência (dos Disability Studies e dos Mad Studies), segundo o qual esta não é resultado da lesão, ou de uma "disfunção", mas sim da relação do sujeito que apresenta uma lesão, uma disfunção ou simplesmente uma variante biológica, com o meio social. Não se trata de uma tragédia pessoal, como defende o modelo biomédico, mas de uma questão de justiça social. 

Nota-se que o termo "disfunção" nas diversas categorias psiquiátricas, de um modo geral, deve ser utilizado com ressalvas, visto que não há quaisquer marcadores biológicos que mostrem onde está a disfunção; trata-se portanto, de uma hipótese, "vendida" como verdade incontestável. Os termos diferença ou mesmo variante (termos valorativamente neutros) seriam então preferíveis e mesmo mais honestos. 

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Junte-se a nós, você que acredita nas múltiplas formas de existência e de possibilidades para a vida humana, que acredita que não há um modo "certo" de ser, de existir, de se "comportar" ou na necessidade de se "conformar" aos padrões sociais vigentes...que reconhece as múltiplas formas de vida, diferentes umas das outras, ainda que, em suas relações com o meio, impliquem em sofrimento, adoecimento, problemas, mas todos aspectos do humano, e que é justamente esta multiplicidade que torna a vida humana tão rica e bela, que a convivência e os encontros destas múltiplas diferenças são condições indispensáveis para a beleza e riqueza da humanidade.

 

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